segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Sonhos


Sonhos e imaginação

Lembro-me, com saudades, dos tempos de criança em que sonhava ser um vaqueiro. Passava a mão em um cabo de vassoura qualquer, amarrava capim na ponta e imaginava ser o meu alazão. Corria em volta da velha casa, de chão batido, e seguia rumo ao campo, meus pezinhos iam levantando poeira e eu continuava a correr.
Quando o vento batia no meu rosto e esvoaçava os meus cabelos, ralos e negros como de um índio, pensava o quanto meu cavalo era veloz. Sentia o coração de menino bater no compasso do trote e via-me galopando em meio aos morros, cortando os estradões, segurando bem firme o barbante que eu fazia de rédeas.
Arqueava uma das mãos e gritava, bradando e encorajando meu companheiro a correr mais rápido. Minha imaginação se fazia mais ligeira do que meu cavalo, e quando abria os olhos me via ladeado de outros cavaleiros, todos seguindo o mesmo rumo. Eu, porém, era o mais valente deles e comandava a tropa.
Subíamos o morro da Gaivotinha. Encontrávamos um grande rebanho de gado. Corríamos ao seu encontro e eu tomava a frente, já preparado com uma corda, em uma das mãos, pronto para a laçada e para enfrentar o boi corisco que dizia-se mais valente que eu. Conduzíamos todo o gado de volta ao cercado e todo o suor valia a pena.
De volta a casa respirava com alívio e ar de missão cumprida. Despedia-me dos meus amigos, sentava no banquinho e começa a imaginar se no outro dia a aventura seria a mesma. Ficava ali longe com meus pensamentos de menino sonhador até ser interrompido por minha mãe. Antonio, venha tomar banho para jantar!
                                                                                                           Éverton Abreu

Um comentário:

  1. Que bacana, meu amigo!
    Adorei o conto; nostálgico, não é?

    Abração,

    Rodrigo Davel

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