sexta-feira, 16 de setembro de 2011


Recordei-me deste texto, que produzi no período passado, ao fazer um exercício avaliativo na matéria de morfologia em que usava o "Poeminha do contra".

Seguindo em frente

Amo o conotativo e a subjetividade que a literatura pode proporcionar e, assim, levar um texto à varias interpretações que podem ser usadas a nosso favor ou contra.
Certa vez ouvi um colega, da sala de aula, a quem admiro pela inteligência, declamar com paixão o “Poeminha do Contra” de Mario Quintana e depois de declamado o poema, acrescentou: “ Para quem não sabe ler um pingo é letra”.
Com certeza foi uma indireta a alguém. Embora não tenha sido para mim, fiquei instigado em estudar o poema, pois um pingo pode ser muito mais do que letra.
Possivelmente, esta foi a forma que compreendi no momento, que o poema foi usado para dizer algo a quem se opõe em seu caminho. “Estes passarão enquanto eu continuo”. Essa, porém, é uma das interpretações.
Segundo o dicionário Priberam, os verbetes passarão e passarinho tem dois significados e se a pessoa atingida basear-se em qualquer um dos dois, advogar-se-á muito bem.
No primeiro significado encontramos o aumentativo e o diminutivo do substantivo pássaro. Dentro deste significado, podemos dizer que a pessoa atravanca o caminho por ser um pássaro grande e, de certo, o mais forte subjuga o mais fraco, ou seja, vence o mais forte.
Antes que alguém diga “ou não”, podemos, sim, dizer que a situação pode ser o contrário, mas para o fraco vencer, tem que ser muito esperto.
No segundo, encontramos o verbo passar na 3ª pessoa e o verbo passarinhar na 1ª pessoa do singular. Sendo possível a interpretação: Os que atravancam meu caminho passarão,  enquanto eu vadio. Pois passarinhar é o mesmo que vadiar.
Cheguei a conclusão de que antes de ser indireto com alguém, tenho que avaliar o que digo, pois isso pode ser usado contra mim. De forma alguma quero bater de frente com alguém e estou aqui para ser amigo de quem quer ser meu amigo.
Declaro não ter nada contra ninguém e meu objetivo aqui é muito mais do que richas, porque a “Aquila non captat muscas”. O meu alvo vai mais além. E sei que estou aqui de passagem, pois tudo passa.
Mas como diz, o próprio, Mario Quintana: “As únicas coisas eternas são as nuvens”. Eu, porém, acrescento que o único eterno é Deus. Não quero passarinhar, quero, sim, seguir em frente com dignidade, sabedoria e cabeça erguida.
Éverton Abreu



Um comentário:

  1. Hum...que análise, hein!?
    Gostei do texto, mais do que o conteúdo em si, e sim, pelo questionamento, o incentivo a dissecar uns versos de um poema dentro da diversidade que a literatura nos proporciona.
    Parabéns!!

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